sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MILAGRE NA BAHIA

A fábula adaptada de um antigo filme francês tem texto assinado por Aninha Franco e direção de Rita Assemany, a dupla dinâmica do XVIII. É uma obra de qualidade, desde que destaquemos e nos compadeçamos da fragilidade do jovem e numeroso elenco. Possui uma trilha musical de qualidade, toda composta por Jarbas Bitencourt, e os “atores” cantam e dançam em cena com coreografias regulares. O destaque da montagem é o jovem protagonista Felipe Benevides, dono de um talento fresco e simpatia cativante. O colorido da peça fica por conta da experiente e mágica Evelin Buchegger, mas infelizmente sua participação na peça é restrita ao começo e fim do espetáculo.
É uma boa montagem, mas talvez ganhasse mais se assumida como espetáculo de temática infanto-juvenil.

A MEMÓRIA FERIDA


“A memória ferida” é a segunda peça da trilogia escrita pela doutora, professora da escola de teatro da Ufba Antônia Pereira. Como se já não bastasse o texto fraco, incompatível com a linguagem teatral –uma narrativa longa e tediosa- o elenco da montagem também desfavorecia enormemente a obra, fosse pela falta de energia do protagonista Gordo Neto (também diretor do grupo Vilavox), ou pelo excesso dela pela protagonista Sibelle Lis (graduada em artes cênicas pela escola de teatro em 2007). A diretora Carol Vieira, ainda que utilizasse recursos de projeção e boa ocupação do cabaré dos Novos não conseguiu um bom resultado. Os elogios ficaram ao dispor da simples e competente luz feita para o espetáculo pelo jovem iluminador Luiz Renato, um talento, sem dúvida, muito promissor.

O OLHAR INVENTA O MUNDO

O espetáculo tem a assinatura do jovem e talentoso Felipe Assis, e figura como a última montagem do grupo (residente do Vila) Dos Novos. A montagem é simplesmente linda, repleta de lirismo, completa em seu calidoscópio de imagens. O mérito é todo do jovem Felipe, graduado diretor recentemente pela escola de teatro da Ufba. O elenco da peça ainda traz nomes de peso (todos atores da cia) como Mariana Freire, Iara Colina, Héctor Briones, dentre outros, todos ajudantes na criação de um espaço mágico de ilusões de sonhos, assessorados ainda por imagens projetadas no palco e maquinários inteligentes que reproduziam a chuva jogando por todo o teatro milhares de folhas de papel oficio, intermináveis. O espetáculo ainda teve como figurinista o experiente e reconhecido Rino Carvalho costurando com agulha de ouro esta rede de competentes profissionais.

DIÁRIO DE UM SEDUTOR

Trata-se de um espetáculo bem interessante, bom texto, boa interpretação, direção simples e consciente. O monólogo representado pelo experiente ator Marcos Machado traz temas polêmicos como a homossexualidade, incesto, machismo, dentre outros, sempre com muito bom humor em suas piadas inteligentes e de duplo sentido. O espetáculo em cartaz no aconchegante teatro Gamboa exige, certamente, grande concentração do ator, o qual fica o tempo inteiro muito próximo da platéia e quase não pára de falar durante pouco mais de uma hora. A direção é assinada por Julio Góes, o qual escorrega numa cena de nu desnecessária, mas nada que descaracteriza a qualidade do espetáculo.

3 HISTÓRIAS PARA SE LEMBRAR


A montagem já começaria bem melhor se já no titulo houvesse uma correção: 3 Histórias para se esquecer! O espetáculo ficou em cartaz no teatro Vila Velha, assinado pela cia residente A OUTRA, e consistia na junção de 3 mini-peças, cada uma com um diretor diferente, e elenco composto por atores da cia. O evento mais parecia uma conclusão de curso de teatro para iniciantes, repleto de nu gratuito e piadas sem graça. Os atores, em geral, tinham o mesmo nível de seus diretores, ora regulares, na maioria das vezes, muito despreparados. Contudo o espetáculo até arrancou alguns risos da platéia; por certo ria-se de algumas particularidades que podem ser caracterizadas como ridículas, sendo estas clichês mal e constantemente usados pelos diretores, sobre tudo na primeira tragicomédia “VALA COMUM” como a afirmativa enjoativa: “podia ser você”, e antes fosse mesmo já que quem estava naquela vala comum eram eles e os próprios nem perceberam. A segunda “peça” “O azul e o nada” correspondeu bem ao seu título (tirando-se a parte do azul), e não preciso me estender mais sobre ela. A terceira obra, A Ilha, tinha uma qualidade maior do que as anteriores, sem dúvida, até por ter um texto mais bem escrito, de autoria de José Saramago, e a direção de Rita Carelli pareceu muito mais lúcida e criativa, entretanto a história muito adaptada acabou também por perder seu fio da meada.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SALOMÉ

A peça Salomé, dirigida pela aluna formanda da escola de teatro da Ufba Amanda Maia infelizmente voltará em cartaz em fevereiro. A montagem que trata da famosa lenda bíblica de Salomé tem o texto assinado pelo conhecido Oscar Wilde, e até pode-se dizer que gozou de uma produção organizada e competente, contudo, a diretora tanto encheu a montagem de supérfluas alegorias que acabou por afundar o barco com o excesso de peso.
Apesar de bem escrito, não se pode negar que o texto da peça é monótono, até mesmo por ter um enredo bem conhecido do grande publico, fato que provavelmente foi reconhecido pela diretora, e talvez por isso, tenha ela optado por encher o palco de figurantes que o tempo inteiro só contracenavam insinuando e até mesmo realizando atos pornográficos, uns com os outros e por vezes se misturando ao elenco principal. A utilização do nu como recurso dinâmico foi bastante e mal usado em Salomé, podendo ser classificado como desnecessário, apelativo e até mesmo vulgar. Ora, teatro erótico talvez seja uma via de pesquisa da menina Amanda Maia, mas pra tudo há um limite. Além do mais, a ousadia da formanda seria talvez melhor aceita se viesse com ela uma competência maior na organização das cenas, até mesmo nas menos picantes, entretanto, ao contrário disso, a peça toda me pareceu de direção tonta e confusa. O elenco principal que traz nomes como Sandro Rangel, Antonio Fábio, e Joana Shnitman, consegue, sem dúvida, fazer valer sua atenção, contudo não é suficiente para que caracterizemos Salomé como uma peça de boa qualidade.
Este blog vem ocupar, de forma informal, o buraco existente na crítica teatral baiana. É necessário falar sobre teatro na Bahia, seja elogiando suas montagens ou não. É mais um espaço de divulgação da arte baiana, criado apenas e exclusivamente para a crítica teatral.
Que Sejam todos bem vindos.